O discurso emergente do antiproibicionismo: uma análise discursiva crítica da Carta de Princípios da Articulação Nacional de Marchas da Maconha
DOI:
https://doi.org/10.14198/dissoc.19.2.8Palabras clave:
Análise de Discurso Crítica, Discurso Emergente, Hibridismo Cultural, Marcha da Maconha, AntiproibicionismoResumen
O antiproibicionismo é o campo político que se opõe à proibição de drogas e à marginalização de seus usuários. Entendemos o proibicionismo de drogas como uma forma de dominação de populações marginalizadas, especialmente no Sul Global, por isso entendemos antiproibicionismo como discurso emergente, fruto de um hibridismo cultural entre estruturas hegemônicas e práticas e saberes anti-hegemônicos. O presente artigo tem por objetivo analisar como se define e se organiza o campo político do antiproibicionismo, a partir da análise discursiva crítica da “Carta de Princípios da Articulação Nacional de Marchas da Maconha”. Particularmente, analisamos o uso de pessoas discursivas e processos verbais nesse documento como forma de compreender como seus autores se identificam, representam o campo político do antiproibicionismo e propõem ações. Esperamos com isso ajudar a caracterizar o que é antiproibicionismo e promover a consciência crítica do discurso dentro desse campo político, a fim de aliar a crítica decolonial e as lutas sociais. A análise do texto evidenciou uma tentativa da Articulação Nacional de Marchas da Maconha de se colocar publicamente como movimento anticapitalista e de se associar com lutas antissistêmicas diversas. A análise intertextual evidenciou também a interlocução da Carta com as Marchas da Maconha e a hibridização do texto enquanto produto de uma prática insurgente constrangida por uma estrutura social capitalista. O discurso emergente figura como uma forma de resistência à dominação que rearticula discursos hegemônicos e insurgentes de forma a criar textos híbridos que materializam as tensões sociais.
Citas
ANMM - Articulação Nacional de Marchas da Maconha. Carta de princípios da Articulação Nacional de Marchas da Maconha. Disponível em: https://docs.google.com/document/d/12dT2U7Ea15eayBOowBnT1au9JOBFQ0Ro359DQ-8PLOI/edit?usp=sharing Publicado em julho de 2022.
Bakhtin, Mikhail (2016) [1952-1953]. Os gêneros do discurso. São Paulo: Editora 34.
Bhabha, Homi K. (1998). O local da cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG.
Chouliaraki, Lilie; Fairclough, Norman (1999). Discourse in late modernity: rethinking Critical Discourse Analysis. Edinburgh: Edinburgh University Press.
Fairclough, Norman (2016). Discurso e mudança social. Brasília: Editora UnB.
Fiore, Maurício (2012, março). O lugar do Estado na questão das drogas: o paradigma proibicionista e as alternativas. Novos estudos CEBRAP, 1(92), 9-21. https://doi.org/10.1590/S0101-33002012000100002
Foucault, Michel (2001). Vigiar e punir: história da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes.
Halliday, M. A. K (1989). Context of situation. In Halliday, M. A. K.; Hasan, Ruqaiya. Language, context and text: aspects of language in a social-semiotic perspective. (2.ed). Oxford: Oxford University Press.
Halliday, M. A. K., Mathiessen, Christian M. I. M. (2014) [1985]. Halliday's introduction to functional grammar. (4.ed). Abingdon: Routledge. https://doi.org/10.4324/9780203783771
Lanças, Vinicius Ramos (2013). Marcha da Maconha: Transgressão e identidade em um movimento social contemporâneo. (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
Pagano, A., Magalhães, C. (2005). Análise Crítica do Discurso e Teorias Culturais: hibridismo necessário. D.E.L.T.A., 21:Especial, 21-43. https://doi.org/10.1590/S0102-44502005000300004
Rocha, João Victor P. D (2016). Maconha e preconceito: representações sociais de uma droga. Textos Graduados, 2(1), 70-88.
Souza, Wanderson F., Valiengo, Caio B., Cezar, Irina F. (2015). Disputas simbólicas e movimentos sociais contemporâneos: o caso da Marcha da Maconha. In Anais do I Encontro Nacional de Ensino e Pesquisa do Campo De Públicas. Brasília.
Veríssimo, Marcos (2016). Saindo do armário: notas para um estudo sobre ativismos e demandas por direitos no Rio de Janeiro. Revista interdisciplinar de Sociologia e Direito, 18(2), 70-92. https://doi.org/10.22409/conflu18i2.p20291
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial-CompartirIgual 4.0.