A narração ideológica do escândalo da Petrobrás: análise discursivo-textual dos processos de referenciação em mídia corporativa e alternativa

Resumen

Entre março de 2014 e agosto de 2016, o Brasil vivenciou um dos maiores escândalos políticos de sua história, que ficou popularmente conhecido como “Petrolão”. O evento desestabilizou o primeiro ano do segundo mandato de Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), e desencadeou o processo de impeachment da presidenta, em um contexto marcado por conflitos de poder e divergências de baliza jurídica. Com o objetivo de descrever e explanar como o escândalo foi narrado por distintas instâncias discursivas de mídia, este artigo realiza uma análise de discurso crítica orientada textualmente de notícias publicadas pelas revistas brasileiras Veja e Carta Capital, entre 2014 e 2016, com foco particular sobre o exame dos processos de representação de práticas de transgressão através de mecanismos de referenciação lexical. A investigação, que articula uma teoria social do discurso, com base em Fairclough (2000, 2001a, 2001b) e van Dijk(2008, 2012), e uma reflexão sociointeracional de texto, com base em Koch e Elias (2006) e Cavalcante (2012, 2016), revela que o escândalo político constitui-se, em parte, textual e discursivamente, em meio a disputas pela hegemonia informacional do evento, marcadas por investimentos ideológicos de significação que cindem o discurso midiático e indicam a configuração do evento como luta social.