A agentividade nas manchetes sobre violência de homens contra mulheres

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.14198/dissoc.14.4.4

Palabras clave:

abordagem sociocognitiva do discurso, manchetes, violência contra a mulher, agentividade

Resumen

Partindo do pressuposto de que as manchetes expressam as informações mais relevantes sobre os acontecimentos que envolvem mulheres em situação de violência e, por conseguinte, podem influenciar o processo de compreensão de seus leitores, objetivamos investigar quais papéis semânticos (agente ou paciente) os atores sociais (mulher e agressor) assumem nas manchetes e quais implicações as estruturas das manchetes têm para a problemática da violência de homens contra as mulheres. Tomamos o aporte teórico-metodológico da abordagem discursiva sociocognitiva, de van Dijk (1987, 1990, 1991, 2012, 2016, 2017), sobre o estudo das notícias na imprensa e dialogamos com pesquisadores que tratam da agentividade para a construção do quadro teórico. O corpus da análise é constituído de manchetes que reportam violência doméstica de homens contra mulheres publicadas em dois jornais do Espírito Santo. Os resultados demonstram que, ao estruturarem as manchetes, os jornais não se preocupam com a problemática que envolve o tema da violência como um problema social, além de apresentarem visões estereotipadas ao invés de construírem uma conscientização para o combate e a erradicação da violência contra mulheres.

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Publicado

29-12-2020

Cómo citar

Mattedi Tomazi, M. (2020). A agentividade nas manchetes sobre violência de homens contra mulheres. Discurso & Sociedad, 14(4), 823–844. https://doi.org/10.14198/dissoc.14.4.4

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